quarta-feira, 14 de outubro de 2015







O principal equívoco entre os principiantes na botânica é o de acreditar que ela requeira trabalho. É na verdade das coisas mais fáceis: derruba uma semente num canto qualquer e logo verás que surge um broto. Vem às vezes espremido em um vaso cheio de outras plantas, numa fresta de luz ou de sombra - dependendo de que tipo seja o espécime - e com umas poucas gotas de chuvas. Cresce com aquela força impossível das coisas que são mais do que a soma das partes e quando se vê já é aquele monte de verde e flor e (mais do que tudo) raíz.

O difícil mesmo na botânica é ver as coisas morrerem. 
Aos poucos, ver-lhes murchar, secar e amarelar pela falta de uma coisa que seja. 
Observar sua resistência aos ventos - raízes fincadas em terra solta - mesmo quando não há mais nada que preste a se manter.


No final das contas não importa: o desgosto que assola o pobre botânico é sempre o mesmo, quer tenham sido girassóis, samambaias, arbustos ou até o mais feio pézinho daquelas florzinhas miúdas que chamam por aí de amores-perfeitos. 



Um comentário:

Anônimo disse...

Às vezes a trabalheira incessante veio justamente de se remoer em lidar com o murchar da florzinha...