O principal equívoco entre os principiantes na botânica é o de acreditar que ela requeira trabalho. É na verdade das coisas mais fáceis: derruba uma semente num canto qualquer e logo verás que surge um broto. Vem às vezes espremido em um vaso cheio de outras plantas, numa fresta de luz ou de sombra - dependendo de que tipo seja o espécime - e com umas poucas gotas de chuvas. Cresce com aquela força impossível das coisas que são mais do que a soma das partes e quando se vê já é aquele monte de verde e flor e (mais do que tudo) raíz.
Aos poucos, ver-lhes murchar, secar e amarelar pela falta de uma coisa que seja.
Observar sua resistência aos ventos - raízes fincadas em terra solta - mesmo quando não há mais nada que preste a se manter.
No final das contas não importa: o desgosto que assola o pobre botânico é sempre o mesmo, quer tenham sido girassóis, samambaias, arbustos ou até o mais feio pézinho daquelas florzinhas miúdas que chamam por aí de amores-perfeitos.
Um comentário:
Às vezes a trabalheira incessante veio justamente de se remoer em lidar com o murchar da florzinha...
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