Estava aqui ouvindo a música que uma vez te passei porque queria te mostrar que que era Porcupine Tree. Na época, encarei com a devida seriedade o desafio de não não te estragar uma banda que eu sei que devia te cair bem, então acabei escolhendo Shesmovedon: não era muito pesada, é uma ótima música e não destoa do restante da discografia da banda. Com certo receio pelo nome, mandei.

Falhei miseravelmente.

Notei no bar há uns meses, vendo o olhar meio ferido que cê guarda pra quando lembra disso. 

Desculpa rir torto assim: é a sensação de falsa simetria. De todas as letras que cê me mandou sem motivo em momentos confusos e contextos doídos, eu não lembrar nenhuma. E você me vir logo com essa. 

Acabei lembrando daquele teu before sunset - da época em que eu não sabia nem que era essa a referência. De que em dez anos seria teu livro sendo publicado e a gente se encontrando casualmente em algum lugar do mundo. Acho que no seu cenário eu teria casado e feito uma carreira sólida em algo sério, talvez até filho tivesse. Não sei nem dizer em que ano que cê escreveu isso de fato: se sete ou oito, quiçá nove - mas apostaria que foi consideravelmente antes de seus escritos todos se tornarem inacessíveis pra mim.

  

Só o que sei é que logo mais serão dez anos que te conheço.

E vendo assim é meio engraçado o quão antes todo esse tempo prescreveu.

(By summer it was all gone.)