quarta-feira, 20 de abril de 2016






Eu sou cheia de postar um monte de coisa pessoal, confusa e desconexa aqui mas sinto que hoje é um pouco diferente. Hoje é mais pessoal do que devia.

Não me machuca tão profundamente a manchete e a matéria da Veja - que convenhamos, é um veículo de zero credibilidade entre todo mundo que se leva minimamente a sério. Chega a ser desonesto o jeito que pintam a moça lá: "mulher de sorte" por ter recebido um jantar fino de algumas horinhas do marido, alguém que é bacharel em direito mas cujo currículo é composto por premiações de beleza e principalmente o fato de que nada é depoimento da própria Marcela. O método de descrição é quase o de uma biografia póstuma, por mais macabro que isso soe. Constrói-se o pedestal pelo que os outros dizem dela.

Isso sem contar o discreto "a quase-primeira-dama". Não sei se já foi cunhada a expressão falta de decoro jornalístico, mas é o jeito menos ofensivo que vejo de pôr a coisa.

O que me machuca mesmo é ouvir da minha mãe que chegar em casa às 2h da manhã não é algo que se faça. Ouvir que ou eu sou muito atirada, ou que o rapaz que eu amo simplesmente não dá a mínima pra mim, se ele não se importa comigo na rua essa hora. 

É não conseguir responder que o rapaz não vem na minha casa não porque ele não queira conhecer bem meus parentes, mas sim porque eu não chamo. Porque meu quarto tem janela e não importa se estou vendo filme, brigando ou o que for: se houver um rapaz no recinto minha avó acabará ouvindo dos vizinhos que me viram transando pela janela aberta.

É ter que reafirmar e prometer ao menos uma vez por mês que eu não bebo que nem meus amigos, porque isso é muito feio.

É ouvir e passar por tudo isso vindo de alguém que você ama.
Não existe militância que faça não doer palavra de mãe.

E por mais que as coisas não pareçam ter relação, é como um grande novelo cuja linha está cheia de nós. Ás vezes tem muito o que desatar antes da gente afrouxar a volta no nosso próprio pescoço.


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