Abro a janela e estico-me. Faço carinho no gato que, mesmo não sendo lá muito carinhoso, decidiu não me ignorar. Passou de um lado para o outro: o pêlo cinza, quente devido ao sol.
"O sol nasce para todos, só não sabe quem não quer" - certo? Os sentidos - o calor o vento o cansaço a dor entranhada nos ossos de tanto frio - provam sempre que ainda se está vivo, ao menos a mim. O sol não aquece, mas o vento é presente.
Velha. Estou velha. Toda a minha vida passou e ela não é toda, porque eu tenho só dezenove e ainda há tempo mas não há mais acabou e minha vida já foi e eu estou desperdiçando e não aproveitando os (15 minutos?) de tempo que me resta, mas não há problema... Foi-se e a vida pode até não ter sido bem vivida mas foi minha e tudo bem em algum tempo isso não vai ter mais importância e agora já não tem importância.
Calma, silenciosa calma e conformismo: tudo se passa em minha mente, em 15 (minutos?) segundos. Não há desespero.
Volto-me e fecho a janela. Tranco a friagem la fora.
Se de Raskolhnikóv eu já sou amiga, espere-me conversar com Mersault.
Um comentário:
descobri que descobri seu blog O:
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