domingo, 20 de junho de 2021

 Já temos mais do que um ano de pandemia e eu não escrevi nada. Batemos hoje os 500.000 mortos. Podia ter sido ontem ou amanhã, a verdade é que eu já não consigo acompanhar os números, carrego agora apenas essa tristeza impalpável e essa dificuldade da vida que segue normalmente.


Sonhei contigo essa semana. Inicialmente não era você, era um amigo de longa data que meu cérebro substituiu só  pra que a gente pudesse conversar. Estávamos em algum lugar e você me comentava de um outdoor d’A Família Dinossauro, que você não lembrava o nome e chamava de Os Normais, destacando na sequência como era tudo igual apesar de diferente. Acordei entretida pelo diálogo improvável que meu cérebro me concedeu e, mais que qualquer outra coisa, acordei com saudades da sua voz.

Eu, que não tenho direito a sentir sua falta. Ouvi hoje falarem sobre você e me doeram de novo as circunstâncias, todo o tempo que a gente não pode fazer um rolê. Como eu não vou ouvir de novo a jew harp que você tocava e eu ria e você tocava pra me ver rir.

Todas as boas pessoas morrem jovens demais, independente da idade. Mas puta que pariu, aparece de novo nos meus sonhos quando der, eu queria ouvir de novo sua risada.





quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020




Faz tempo que não escrevo. Existe uma quantidade limitada de hobbies não-remunerados que uma pessoa pode possuir quando já se está beirando os 30 anos de idade. Sinto falta sim, admito. Mas acima de tudo, independente da ocasião ou da oportunidade há sempre ele, o cansaço - o último convidado no fim de toda festa.

Tentar é um troço muito exaustivo.
Ainda que a rotina - aquela roda gigante de pura inércia - te coloque em movimento e faça com que levantar já nem doa tanto assim. Acho que o que a gente mais aprende conforme envelhece é um truque ou outro pra fazer com que os ponteiros continuem a girar.
Mesmo que já não se saiba para qual sentido.


segunda-feira, 29 de maio de 2017





Não que eu te amasse tanto assim, pra começo de conversa.

Mas por motivos que não saberia de fato explicar, acontece de eu te amar um pouco mais toda vez que você perde o controle da tv imediatamente assim que o larga na cama.
Sinceramente, sabe-se lá como você (e só você) consegue perder tanto esse controle.

Então desliga essa tv e vem cá dormir que já é tarde.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017





É a coisa mais amável isso de você lembrar das besteiras com que eu me machuco só para mantê-las longe do meu alcance (como se não bastasse a facilidade com que você lê na minha fuça quando algo me dói mesmo quando não posso me explicar).

Obrigada por cuidar de mim ainda que eu não esteja acostumada a deixar.
Fica à vontade pra mudar a mobília de lugar.